segunda-feira, 6 de junho de 2016



A TRAJETÓRIA EDUCACIONAL
A sociedade européia, no século XVIII, passa por uma transformação fundamental do ponto de vista metafísico-teológica, o qual centralizava a idéia de Deus como organizadora da vida privada e social, passando dessa visão para uma baseada nos ideais iluministas da época, que segundo eles acreditam na capacidade racional do homem como forma de optar entre o bem e o mal.
            A educação moderna se constitui nesse nascedouro, o pensamento burguês convoca a escola para formar os valores fundamentais do homem baseados nas bases da racionalidade e uso da capacidade racional, a partir da faculdade da razão, o sujeito torna-se capaz de realizar um conhecimento objetivo do mundo através de procedimentos das ciências empírico-matemáticas.
            O pensamento baconiano, fundamenta-se em “saber é poder”, pois o aperfeiçoamento da ciência deve resultar, em seguida, no aperfeiçoamento da ordem social, tendo em vista que tem como método a observação da natureza e o entendimento de que, para dominá-la, é preciso conhecer suas leis através de métodos comprovados, ou seja, o método experimental de pesquisa das causas naturais dos fatos. Ao contrário de Bacon, Descartes apresenta o método dedutivo como forma de validação de processo de conhecer, isto é, dado pela formulação racional e pela capacidade dedutiva dessa mesma razão.
            O conceito de racionalidade moderna, comentada por Kant, estabelece entre as formulações do racionalismo e as do empirismo. Procura um entendimento sujeito esclarecido como alguém densamente conectado à realidade do seu tempo e comprometido com a melhoria e superação dos seus próprios limites.
            A educação se converte na executora das promessas da modernidade, o conhecimento objetivo pretende libertar o sujeito, contestando os milagres e a tradição teológica medieval, e o homem é livre pelo conhecimento da natureza, fazendo da razão o supremo tribunal. Então a racionalidade científica semeia no projeto pedagógico moderno a crença de que é possível assegurar o destino da educação, assegurado pelo método científico fundamento da atividade pedagógica. As idéias de dever e de obrigação não podem suplantar o cultivo dos sentimentos morais, o desenvolvimento da autonomia moral é fundamental criar estratégias de pensamento e para isso, é necessário desenvolver um pensamento estratégico que permita ao sujeito extrair regras gerais das situações e aplicá-las adequadamente em situações da qual a razão imponha a vontade.
            Ao longo dos séculos XVIII e XIX, os pensadores como Rousseau e Kant, contribuíram para os fundamentos da pedagogia clássica , a qual é atribuída ao melhoramento individual, ou seja, como meio essencial de reforma social, em contra partida Herbart,  atribui ao restabelecimento da importância de um ensino sistemático de todas as ciências e áreas de conhecimento, a conciliação da individualidade e da universalidade, levando em consideração a personalidade, a família e o nascimento. Sendo assim, atrás da ação, está o corpo, a inteligência e as maneiras de compreender e perceber o mundo, próprios de cada sujeito, sendo este, aquele que age conforme a razão e, através da educação desenvolve a inteligência, racionaliza a vontade e se converte em cidadão com a inserção no mundo do trabalho. Entretanto o sujeito só alcançará tais virtudes através do acesso ao legado cultural, o qual permite que todos conheçam, compreendam, exercitem e queiram cumprir seus direitos e desenvolvam suas aptidões, competências e talentos, assegurando assim, a verdadeira igualdade entre os cidadãos, garantidos pelo poder  público, e que permite o progresso pessoal e social. Por fim, os sujeitos compartilham entre si as propriedades comuns a um determinado grupo, formulando estilos de ação compartilhada que os diferencia, por sua vez de outros grupos, constituindo uma identidade, seja por gênero, etnia, grupo social ou profissional sem que as singularidades se apaguem.
            A ciência moderna entendeu como racional, a ação baseada no princípio teleológico da equação meio-fim, desse modo o sucesso da atividade racional se concretiza. Ao contrário do exame crítico dos fins como recurso ético que preserve o meio. O mundo ocidental vivencia um processo de racionalização intelectualista, o qual utiliza critérios da nossa vontade, pois não há nenhum poder estranho à própria razão que interfira no curso da vida de cada um, já no campo educacional, produz um nível de especialização dos saberes e da organização da ação educativa, o campo pedagógico compromete o espírito e o sentido ao confiar demais nas pretensões objetivadoras e desvincular do mundo prático.
            É na perspectiva da crítica dialética que se fundamenta a opção de Habermas, por uma teoria crítica reconstrutiva, é nela que se estabelece uma correspondência renovadora com a teoria a ser criticada. Para a educação e para as tarefas a ela atribuída.
            A racionalidade que divulga o saber através de enunciados, pressupõe o universo da linguagem, todo saber é falível, passível de crítica e está circunscrito no prático, contextual do sujeito, ao mesmo tempo que disponibiliza o seu mundo subjetivo, precisa salvaguardar a sua identidade e enfrentar as manifestações patológicas dos demais membros, a fim de preservar a sua capacidade de participar das interações. As conseqüências sobre as questões que envolvam o campo educativo precisa desenvolver a função escola como projeto de formação humana legado pela modernização.
            A escola moderna foi organizada na lógica positivista de uma linha natural de progresso e estabelecer um nexo reduzido entre cultura e formação; um sujeito autônomo, segundo as práticas pedagógicas deve ser reflexivo, crítico e em condições de atuar socialmente como cidadão. A extrema velocidade de geração de novas informações, submete a escola não somente a reprodução das competências exigidas pelo progresso técnico e científico, mas também de acompanhar o desenvolvimento importante pelo progresso.
            Ao perceber a ruptura epistemológica e paradigmática que precisa acompanhar esse processo, aparece uma renovação do sentido das práticas educativas que é o trabalho em equipe, que junto com a oportunidade do convívio democrático são importantes exercícios para o aprendizado da racionalidade comunicativa, isto é, uma alternativa que enriquece, aprimora as produções individuais, favorece o exercício da discursividade dos alunos, tarefa com a qual a educação, tradicionalmente, ocupa-se bem pouco.
           

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