A TRAJETÓRIA EDUCACIONAL
A sociedade
européia, no século XVIII, passa por uma transformação fundamental do ponto de
vista metafísico-teológica, o qual centralizava a idéia de Deus como
organizadora da vida privada e social, passando dessa visão para uma baseada
nos ideais iluministas da época, que segundo eles acreditam na capacidade
racional do homem como forma de optar entre o bem e o mal.
A educação moderna se constitui
nesse nascedouro, o pensamento burguês convoca a escola para formar os valores
fundamentais do homem baseados nas bases da racionalidade e uso da capacidade
racional, a partir da faculdade da razão, o sujeito torna-se capaz de realizar
um conhecimento objetivo do mundo através de procedimentos das ciências
empírico-matemáticas.
O pensamento baconiano,
fundamenta-se em “saber é poder”, pois o aperfeiçoamento da ciência deve
resultar, em seguida, no aperfeiçoamento da ordem social, tendo em vista que
tem como método a observação da natureza e o entendimento de que, para
dominá-la, é preciso conhecer suas leis através de métodos comprovados, ou
seja, o método experimental de pesquisa das causas naturais dos fatos. Ao
contrário de Bacon, Descartes apresenta o método dedutivo como forma de
validação de processo de conhecer, isto é, dado pela formulação racional e pela
capacidade dedutiva dessa mesma razão.
O conceito de racionalidade moderna,
comentada por Kant, estabelece entre as formulações do racionalismo e as do
empirismo. Procura um entendimento sujeito esclarecido como alguém densamente
conectado à realidade do seu tempo e comprometido com a melhoria e superação
dos seus próprios limites.
A educação se converte na executora
das promessas da modernidade, o conhecimento objetivo pretende libertar o
sujeito, contestando os milagres e a tradição teológica medieval, e o homem é
livre pelo conhecimento da natureza, fazendo da razão o supremo tribunal. Então
a racionalidade científica semeia no projeto pedagógico moderno a crença de que
é possível assegurar o destino da educação, assegurado pelo método científico
fundamento da atividade pedagógica. As idéias de dever e de obrigação não podem
suplantar o cultivo dos sentimentos morais, o desenvolvimento da autonomia
moral é fundamental criar estratégias de pensamento e para isso, é necessário
desenvolver um pensamento estratégico que permita ao sujeito extrair regras
gerais das situações e aplicá-las adequadamente em situações da qual a razão
imponha a vontade.
Ao longo dos séculos XVIII e XIX, os
pensadores como Rousseau e Kant, contribuíram para os fundamentos da pedagogia
clássica , a qual é atribuída ao melhoramento individual, ou seja, como meio
essencial de reforma social, em contra partida Herbart, atribui ao restabelecimento da importância de
um ensino sistemático de todas as ciências e áreas de conhecimento, a
conciliação da individualidade e da universalidade, levando em consideração a
personalidade, a família e o nascimento. Sendo assim, atrás da ação, está o
corpo, a inteligência e as maneiras de compreender e perceber o mundo, próprios
de cada sujeito, sendo este, aquele que age conforme a razão e, através da
educação desenvolve a inteligência, racionaliza a vontade e se converte em
cidadão com a inserção no mundo do trabalho. Entretanto o sujeito só alcançará
tais virtudes através do acesso ao legado cultural, o qual permite que todos
conheçam, compreendam, exercitem e queiram cumprir seus direitos e desenvolvam
suas aptidões, competências e talentos, assegurando assim, a verdadeira
igualdade entre os cidadãos, garantidos pelo poder público, e que permite o progresso pessoal e
social. Por fim, os sujeitos compartilham entre si as propriedades comuns a um
determinado grupo, formulando estilos de ação compartilhada que os diferencia,
por sua vez de outros grupos, constituindo uma identidade, seja por gênero,
etnia, grupo social ou profissional sem que as singularidades se apaguem.
A ciência moderna entendeu como
racional, a ação baseada no princípio teleológico da equação meio-fim, desse
modo o sucesso da atividade racional se concretiza. Ao contrário do exame
crítico dos fins como recurso ético que preserve o meio. O mundo ocidental
vivencia um processo de racionalização intelectualista, o qual utiliza
critérios da nossa vontade, pois não há nenhum poder estranho à própria razão
que interfira no curso da vida de cada um, já no campo educacional, produz um
nível de especialização dos saberes e da organização da ação educativa, o campo
pedagógico compromete o espírito e o sentido ao confiar demais nas pretensões
objetivadoras e desvincular do mundo prático.
É na perspectiva da crítica
dialética que se fundamenta a opção de Habermas, por uma teoria crítica
reconstrutiva, é nela que se estabelece uma correspondência renovadora com a
teoria a ser criticada. Para a educação e para as tarefas a ela atribuída.
A racionalidade que divulga o saber
através de enunciados, pressupõe o universo da linguagem, todo saber é falível,
passível de crítica e está circunscrito no prático, contextual do sujeito, ao
mesmo tempo que disponibiliza o seu mundo subjetivo, precisa salvaguardar a sua
identidade e enfrentar as manifestações patológicas dos demais membros, a fim de
preservar a sua capacidade de participar das interações. As conseqüências sobre
as questões que envolvam o campo educativo precisa desenvolver a função escola
como projeto de formação humana legado pela modernização.
A escola moderna foi organizada na
lógica positivista de uma linha natural de progresso e estabelecer um nexo
reduzido entre cultura e formação; um sujeito autônomo, segundo as práticas
pedagógicas deve ser reflexivo, crítico e em condições de atuar socialmente
como cidadão. A extrema velocidade de geração de novas informações, submete a
escola não somente a reprodução das competências exigidas pelo progresso
técnico e científico, mas também de acompanhar o desenvolvimento importante
pelo progresso.
Ao perceber a ruptura epistemológica
e paradigmática que precisa acompanhar esse processo, aparece uma renovação do
sentido das práticas educativas que é o trabalho em equipe, que junto com a
oportunidade do convívio democrático são importantes exercícios para o
aprendizado da racionalidade comunicativa, isto é, uma alternativa que
enriquece, aprimora as produções individuais, favorece o exercício da
discursividade dos alunos, tarefa com a qual a educação, tradicionalmente,
ocupa-se bem pouco.