segunda-feira, 6 de junho de 2016



A LÓGICA DA COMPREENSÃO DE WEBER



A partir de meados do século XVIII alguns pensadores sentiram a necessidade de estudar predominantemente os fatos ocorridos no bojo das sociedades; era, na verdade, a intenção de estruturar cientificamente um estudo sobre o agir humano. O advento da Revolução Industrial viria a somar com a proposta, visto que a partir de então os bens materiais sobrepunha os demais.
            Esse pensamento chegou na Alemanha como um estopim a partir da Segunda metade do século XIX..
            Visto que o processo de unificação alemã fora tardio            as interpretações da “evolução” social gerou interpretações distintas como os de Durkheim (via o fato limitado) e as de Weber (tinha na ação de indivíduos uma infinidade de fenômenos com a possibilidade de serem estudados).
            Influenciado pela reforma educacional alemã Max Weber (1864-1920) propôs uma metodologia voltada para a ação social, baseada na compreensão da sociologia enquanto externalizante do conhecimento por parte do investigador. Trata-se de um método explicativo específico da sociologia. A proposta de Weber, na verdade, era que por se tratar de uma ciência em que o homem é objeto do observador e também é observado seria necessário diferenciá-la das demais ciências da natureza.
            Quando se trata da sociologia enquanto ciência explicativa e compreensiva é que surge o valor da teoria weberiana. Muitas vezes Weber fora contestado sobre como fazer ciência a partir da subjetividade. Para responder as indagações desse teor defendia-se, baseado em alguns instrumentos que lhes não são próprios, como o conceito de ação social. Para todos os efeitos, segundo Weber, as pessoas agem a partir de uma razão, logo ele precisava explicá-las também. A ação humana tem sua origem em um objetivo específico, em preservação a honra do seu ator, por emoção ou para se preservar costumes; de acordo com a proposta do fenômeno o tipo ideal (trataremos adiante) vem como agente de ligação entre a subjetividade e a ciência.
            Não se trata de uma metodologia original de Weber, na verdade, Carl Menger bem antes de Weber já tentava interpretar os fatos de forma “pura”, que viria dar subsídios aos tipos ideais.
            O sociólogo interpretativo volta sua atenção à ação e não para os estados interiores ou exteriores a partir da subjetiva intenção do agente,  marcando assim, o agir social como objeto da sociologia compreensiva. Inclusive a causalidade e o efeito da ação deve ser analisada na perspectiva de algumas das razões já citadas. Podemos dizer com isso que o objetivo da proposta weberiana era entender empaticamente os processos intelectuais e o comportamento humano para se chegar a sociologia interpretativa. Dizia Weber que “qualquer ciência que se ocupe do comportamento humano, busca entendê-lo” e por conseguinte explicá-lo interpretativamente e a sua progressão, mas para isso seria necessário dados da pessoa do agente sem confundir o subjetivismo desse com o do investigador. Esses seriam elementos primordiais da Sociologia Weberiana, pois é difícil externalizar a ação social da individualidade.
            Weber foi muito contestado ao destacar a ação social enquanto método específico da sociologia _ que contém inúmeros fenômenos e busca no seu agente as informações necessárias _ com a finalidade de compreendê-la e, logo, explicá-la; chegou mesmo a Ter sua teoria em pauta como tendenciosa à psicologia. Rebateu em 1909 afirmando se tratar de uma ciência racional em seus fundamentos e, novamente falou dos tipos ideais.
            Georg Jellineh define tipo ideal como um  modelo de perfeição que se podia usar para avaliar os estados existentes efetivamente. Acrescenta que as ciências sociais ocupam-se basicamente com o que é e não com o que deve ser.
            Partindo do ponto de que uma ação contenha inúmeros fenômenos (alguns camuflados) é perceptível uma abstração carregada de exageros e, justamente, desse exagero partiu Weber para uma ciência baseada no tipo ideal,  originário da teoria econômica abstrata.
            Projetar uma progressão hipotética de comportamentos exteriores era o papel tático do tipo ideal que Weber não os tinha como suporte temporário para um campo de investigação imaturo. Esperava, ao contrário, que eles permanecessem como aspectos permanentes das ciências culturais e sociais.
            Segundo Freund “(...) Weber rejeita a concepção antiga da ciência no sentido em que esta esteja em condições de alcançar a substância das coisas para reuni-las em um sistema completo, que seja o pensamento fiel de toda a realidade. A seu ver, nenhum sistema é capaz de reproduzir integralmente a diversidade intensiva de um fenômeno particular. Em suma, não existe conhecimento não-hipotético”.

BIBLIOGRAFIA


COLLIOT THÉLENE, Catherine. Max Weber e a História. São Paulo: Ed.
      Brasiliense.


WEBER, Max : Metodologia das ciências sociais, volume 1. Edição 4.
       Campinas- SP: Editora Cartez(2001).


____________: Metodologia das ciências sociais, volume 2. Edição 4.
        Campinas-SP (2001).
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário